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Foto do escritorGUIA MIRAI

COM CASO CONFIRMADO NO SUDESTE, FEBRE OROPOUCHE ACENDE ALERTA; ENTENDA DOENÇA



Caso confirmado no Rio de Janeiro acontece em meio à tensão com aumento de casos de Dengue, simultaneamente à Covid-19 e gripe



Em uma época em que as atenções em saúde no Brasil estão voltadas para o aumento preocupante de casos de Dengue e registros simultâneos de Covid-19 e gripe, surge um novo alerta: a febre oropouche. Nesta semana, um homem de 42 anos, morador da zona sul do Rio de Janeiro (RJ), teve diagnóstico confirmado para a doença. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ), esse é o primeiro registro da doença no estado e o paciente tem histórico de viagem para o Amazonas, local onde a febre oropouche é mais prevalente.


O caso soou o alerta de que é preciso redobrar a atenção e a prevenção contra os mosquitos. Vetores das chamadas arboviroses, eles podem ser facilmente eliminados com atenção aos criadouros (locais de água parada ou úmidos nos quais suas larvas proliferam) e uso de repelentes e telas.


No caso da oropouche, a transmissão acontece pelo Culicoides paraensis, conhecido popularmente como maruim. Segundo especialistas, não há indícios de transmissão pelo Aedes aegypti, mosquito estritamente urbano. A circulação da febre costuma ficar concentrada na região amazônica, mas é preciso estar atento aos sintomas para buscar ajuda médica se necessário.


Saiba mais sobre a doença:

O QUE É A FEBRE OROPOUCHE E QUAL SUA ORIGEM?

A febre de oropouche é uma zoonose causada pelo vírus oropouche, que foi diagnosticado no Brasil na década de 1960. Trata-se de uma doença já conhecida, que tem circulado na região amazônica nos últimos dez anos.


É transmitida aos seres humanos principalmente pela picada do mosquito Culicoides paraensis, inseto que tem um ciclo silvestre e um ciclo urbano.


CALEFAÇÃO E OBESIDADE

O vírus que infecta os mosquitos circula entre hospedeiros mamíferos, como macaco, bicho preguiça e seres humanos. "O ciclo se mantém na floresta, basicamente na região amazônica. O que aconteceu agora no Rio de Janeiro já ocorreu em São Paulo, e é bom entender que isso não significa transmissão fora da região amazônica", reforça o médico epidemiologista André Ribas Freitas, professor da faculdade São Leopoldo Mandic, de Campinas.


Ele lembra que existem diversos arbovírus na Amazônia com o mesmo padrão de transmissão e que o cuidado precisa ser redobrado para quem viajar para esta região. "Tem outro que é muito importante também que é a febre do Mayaro, com o ciclo predominantemente entre é primatas e que pode dar também quadro de febre e mialgia", diz Freitas.


O epidemiologista acredita que a identificação deste caso no Rio de Janeiro tem o lado positivo de mostrar que a análise laboratorial no Brasil tem sido cada vez mais eficaz. "A gente tem hoje uma disponibilidade muito melhor de exames, que são de biologia molecular de PCR [proteína C reativa, que indica infecções no corpo] e isto favorece e facilita o diagnóstico", avalia.


QUAIS SÃO OS SINTOMAS DA OROPOUCHE?

O quadro clínico de febre oropouche é muito parecido com o da dengue e o da chikungunya. Incluem febre, dor no corpo, cabeça, artralgia (dor nas articulações), mialgia (dor muscular), calafrios e, às vezes, náuseas e vômitos -que podem durar até uma semana, segundo o médico infectologista Ralcyon Teixeira, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.


Uma pequena parte dos pacientes pode apresentar complicações neurológicas, como inflamação do cérebro (encefalite) ou da membrana que o envolve, a meninge (meningite).

"Não são complicações tão frequentes, mas são as formas mais graves da doença", afirma Freitas.


QUAIS SÃO OS TRATAMENTOS E CUIDADOS?

Para os pacientes com casos suspeitos, além dos cuidados gerais de repouso e hidratação, é recomendado usar repelente e ficar em ambiente climatizado com ar condicionado para evitar serem picados por outros mosquitos no período de viremia (circulação do vírus no corpo).


De acordo com Teixeira, esse cuidado evita que novos mosquitos sejam infectados e sigam o ciclo da transmissão, principalmente fora dos locais onde a doença já está instalada.


DEVO ME PREOCUPAR COM UM SURTO DA DOENÇA?

Quem vive fora de zonas de floresta (sobretudo da região amazônica) não deve ficar preocupado com a oropouche, segundo os especialistas em saúde. O maior problema visto pelos estudiosos é o de que o vírus se adapte a outros vetores mais urbanos que o maruim, como o Aedes aegypti, responsável pela circulação de zika, dengue e chikungunya -os dois últimos com surtos muito intensos no país neste começo de 2024.


"O risco é muito baixo neste momento, mas depende muito da adaptação do vírus aos mosquitos transmissores", afirma Teixeira.


A recomendação é que todos que tenham recentemente retornado de viagem de alguma área com risco de transmissão do vírus oropouche (região amazônica e, neste momento, mais especificamente no estado do Amazonas) e apresente febre e demais sintomas que pareçam dengue, que busquem logo atendimento médico.


"Alertem da viagem a equipe de saúde ao serem atendidos para que seja avaliada a possibilidade de se tratar da febre de Oropouche", diz Teixeira.


O infectologista diz que essas informações agilizam o diagnóstico e são essenciais para conter a difusão da febre. "A vigilância epidemiológica segue sendo importante para entender a dinâmica da transmissão da doença", reforça o médico.


Freitas diz que a situação seria totalmente diferente se o vírus oropouche se adaptasse a um vetor urbano, como é o caso do Aedes aegypti.


"Mudaria totalmente de figura e trataria-se de uma grande preocupação. Mas até agora não há evidência nenhuma da transmissão do oropouche pelo Aedes, e é muito importante esclarecer isso", afirma o epidemiologista.


Para Freitas, os surtos de dengue e de chikungunya hoje são mais perigosos para a população devido ao seu alcance nacional.


"Reitero a importância da epidemia de chikungunya que está ocorrendo neste ano. Está matando muito mais gente do que a dengue e tem sido pouco divulgada. É um vírus urbano e mais grave com taxa de letalidade quase 10 vezes maior que a da dengue e precisa estar no radar de médicos e pacientes", lembra o epidemiologista. (*com DANIELLE CASTRO/FOLHAPRESS)


GUIA MIRAI

(Por O Tempo)

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