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Foto do escritorGUIA MIRAI

Minas confirma morte por raiva humana após 10 anos sem registro da doença



Minas Gerais confirmou nesta segunda-feira (11) que um adolescente indígena de 12 anos morreu em decorrência da raiva humana. É o primeiro óbito da doença nos últimos 10 anos, já que o anterior havia sido registrado em 2012.


A raiva humana preocupa porque, geralmente, 100% das pessoas infectadas não resistem à enfermidade. Por isso, as autoridades de saúde do Estado estão em alerta máximo. Além da morte do menino, um segundo caso, de uma adolescente indígena, ainda está em investigação. Os dois jovens moravam em uma tribo em Bertópolis, na região do Vale do Mucuri.


"A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que foi confirmado por exame laboratorial um caso de raiva humana em um paciente de 12 anos, do sexo masculino", declarou a pasta.


Para os moradores da região que tiveram contato com os adolescentes ou com morcegos ou outros mamíferos silvestres ou domésticos, inclusive, cães e gatos, a Secretaria de Saúde reforça a importância de procurar a unidade de saúde mais próxima para avaliação da necessidade de adoção de medidas profiláticas (administração de vacina e/ou soro).


Além disso, cães e gatos da região estão sendo levados para vacinação antirrábica. No total, 100 doses foram disponibilizadas para a região. O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) também foi acionado, e está ajudando a SES a executar ações de captura e manejo de morcegos.


- Investigação epidemiológica imediata dos dois casos. A investigação é realizada na localidade de ocorrência da exposição dos casos suspeitos, com busca ativa de pessoas que possam ter tido a mesma situação de risco dos casos suspeitos; e em seguida com o encaminhamento para atendimento médico profilático na localidade;


- Organização de reuniões periódicas para alinhamento e planejamento das ações de investigação dos casos e medidas de prevenção e controle da raiva, juntamente com a Secretaria Municipal de Saúde de Bertópolis, já ocorridas, nos dias 6, 7 e 8 de abril de 2022;


- Organização e realização de reuniões com a equipe médica local, da SES-MG e do Ministério da Saúde para alinhamento das condutas dos atendimentos antirrábicos na localidade (8 de abril de 2022); - Disponibilização de imunobiológicos para o tratamento profilático antirrábico humano (pós-exposição e pré-exposição, conforme o caso (vacina antirrábica e soro antirrábico); - Organização e monitoramento de vacinação dos contactantes do primeiro caso para início imediato no dia 9 de abril;


- Realização de ações de educação em saúde na região com objetivo de alertar as pessoas sobre a doença, e suas formas de transmissão, bem como as medidas de prevenção e controle da raiva;


Divulgação do caso na região com objetivo de alertar as pessoas sobre as formas de transmissão e prevenção da raiva.


O período de incubação é variável entre as espécies, desde dias até anos, com uma média de 45 dias no ser humano, podendo ser mais curto em crianças. O período de incubação está relacionado à localização, extensão e profundidade da mordedura, arranhadura, lambedura ou tipo de contato com a saliva do animal infectado; da proximidade da porta de entrada com o cérebro e troncos nervosos; concentração de partículas virais inoculadas e cepa viral.


Após o período de incubação, surgem os sinais e sintomas clínicos inespecíficos da raiva, que duram em média de 2 a 10 dias. Nesse período, o paciente apresenta:


- Os espasmos musculares evoluem para um quadro de paralisia, levando a alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal. Observa-se, ainda, a presença de disfagia, aerofobia, hiperacusia e fotofobia.


IMPORTANTE: O paciente se mantém consciente, com período de alucinações, até a instalação de quadro comatoso e a evolução para óbito. O período de evolução do quadro clínico, depois de instalados os sinais e sintomas até o óbito, é, em geral, de 2 a 7 dias. Como é feito o diagnóstico da raiva? A confirmação laboratorial em vida, ou seja, o diagnóstico dos casos de raiva humana, pode ser realizada pelo método de imunofluorescência direta, em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual ou por biópsia de pele da região cervical (tecido bulbar de folículos pilosos). A sensibilidade dessas provas é limitada e, quando negativas, não se pode excluir a possibilidade de infecção. A realização da autópsia é de extrema importância para a confirmação diagnóstica. Diagnóstico diferencial Não existem dificuldades para estabelecer o diagnóstico quando o quadro clínico vier acompanhado de sinais e sintomas característicos da raiva, precedidos por mordedura, arranhadura ou lambedura de mucosas provocadas por animal raivoso ou suspeito. Esse quadro clínico típico ocorre em cerca de 80% dos pacientes. No caso da raiva humana transmitida por morcegos hematófagos, cuja forma é predominantemente paralítica, o diagnóstico é incerto e a suspeita recai em outros agravos que podem ser confundidos com raiva humana. Nesses casos, o diagnóstico diferencial deve ser realizado com: tétano; síndrome de Guillain-Barré, pasteurelose, por mordedura de gato e de cão; infecção por vírus B (Herpesvirus simiae), por mordedura de macaco; botulismo e febre por mordida de rato (Sodóku); febre por arranhadura de gato (linforreticulose benigna de inoculação); encefalite pós-vacinal; quadros psiquiátricos; outras encefalites virais, especialmente as causadas por outros rabdovírus; e tularemia.


Cabe salientar a ocorrência de outras encefalites por arbovírus e intoxicações por mercúrio, principalmente na região Amazônica, apresentando quadro de encefalite compatível com o da raiva. É importante ressaltar que a anamnese do paciente deve ser realizada junto ao acompanhante e ser bem documentada, com destaque para sintomas inespecíficos, antecedentes epidemiológicos e vacinais. No exame físico, frente à suspeita clínica, observar atentamente o fácies, presença de hiperacusia, hiperosmia, fotofobia, aerofobia, hidrofobia, relatos de dores na garganta, dificuldade de deglutição, dores nos membros inferiores, e alterações do comportamento. Como é feito o tratamento da raiva? A raiva é uma doença quase sempre fatal, para a qual a melhor medida de prevenção é a vacinação pré ou pós exposição. Quando a profilaxia antirrábica não ocorre e a doença se instala, pode-se utilizar um protocolo de tratamento da raiva humana, baseado na indução de coma profundo, uso de antivirais e outros medicamentos específicos.



GUIA MIRAI por O Tempo



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